Mais de 33 mil pessoas aguardam por exames de imagem na rede pública de saúde de Brasília. Para estancar a aflição dos pacientes, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instaurou um procedimento administrativo para apurar a longa espera e cobrou providências para o fim das filas.
Segundo a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), a crise atinge principalmente os pacientes em busca dos exames de tomografia, ressonância magnética e ultrassonografia, necessários para o diagnóstico e tratamento de diversas doenças, a exemplo do câncer.
De acordo com dados da própria Secretaria de Saúde, atualmente, existem mais de 2 mil solicitações de ecografia de mamas bilateral a espera de agendamento na Regional de Saúde Oeste. Na classificação amarela, a segunda mais grave, o pedido mais antigo é de maio de 2021.
Para a tomografia computadorizada, a Central de Regulação Ambulatorial aponta uma demanda reprimida de mais de 10 mil exames de pacientes na classificação vermelha (emergência) e mais de 7 mil na classificação amarela (urgência). Neste caso, o paciente mais antigo aguarda desde 2019.
Segundo o MPDFT, com relação à fila da ressonância magnética, o sistema aponta uma demanda reprimida que ultrapassa 14 mil pacientes. A grande maioria apresenta classificação amarela. A solicitação mais antiga data de julho de 2019.
Déficit
Pelo diagnóstico da Promotoria, o DF sofre um déficit considerável na assistência aos exames diagnósticos por imagem. Isso impede a prevenção e detecção precoce de doenças.
“A melhoria dessa situação passa por uma adequada gestão dos recursos humanos envolvidos, da aquisição e manutenção dos equipamentos, passa também pela atenção primária, que demanda em grande parte esses exames diagnósticos por imagem”, afirmou a promotora de Justiça Hiza Carpina.
Segundo a promotora, atualmente, há um crescente aumento da judicialização dos pedidos de exame. Em alguns casos, pacientes buscam atendimento na rede privada, pagando pelos procedimentos.
Sucateamento
Para o promotor Marcelo Barenco, a obsolescência dos equipamentos do parque tecnológico da Secretaria de Saúde é uma das causas da crise das filas. Por serem antigos, apresentam mais defeitos até se tornarem irrecuperáveis.
De acordo com promotor, outro problema é o não cumprimento do plano de ações do orçamento previsto para as despesas de saúde. Sem investimento, não há atualização e manutenção do parque tecnológico
Barrenco alerta para a falta de uma política adequada de gestão dos recursos humanos. Ou seja, a carência de cuidado com os profissionais de saúde, impedindo o controle adequado da capacidade de atendimento.
Outro problema apontado pela Prosus é a ausência de transparência com as informações das listas para os exames diagnósticos.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde. Em nota, a pasta elencou uma série de medidas para sanar a crise das filas, a exemplo de um pente-fino nas listas de pacientes.
Outra medida é a ampliação da carga horária dos profissionais responsáveis pelos exames.
Leia a nota completa:
A Secretaria de Saúde esclarece que está empenhada em acelerar a fila de espera para a realização dos exames de imagem. Para isso, entre outras medidas, está higienizando a fila dos pacientes, o que significa identificar quem já realizou os exames ou não precisa mais aguardar o atendimento. Também está ampliando a carga horária dos profissionais, como de radiologistas e dos técnicos em radiologia, para garantir celeridade do processo. E ainda está sendo feita a transferência da marcação dos exames para o Complexo Regulador, exceto os exames de emergência ginecológica e os de raio-X, com a finalidade de otimizar as vagas. Importante reforçar que a Secretaria de Saúde atende uma demanda maior do que a do DF, uma vez que recebem pacientes vindos de outras localidades. Quantos aos equipamentos, a SES informa que está em fase de elaboração de termos de referência para a aquisição de novos equipamentos, o que irá garantir a continuidade da modernização do parque tecnológico da Secretaria.