Um lar só para domésticas, conheça o Condomínio 27 de Abril, no Cabula (BA)


Esta é a versão online da newsletter Nós Negros desta terça-feira (31/05), que hoje conta a história de um condomínio na Bahia que tem apenas empregadas domésticas como moradoras, além de outras histórias e opiniões importantes que foram destaque no UOL.

Era este quadrado aqui”. Com as mãos, a doméstica aposentada Maria do Carmo de Jesus, 64, explica à reportagem do TAB o tamanho dos quartos onde dormiu por cerca de 50 anos. Dá metade do tamanho de sua cozinha. Há 10 anos, Do Carmo, como é conhecida, pôde deixar o “quartinho da empregada” para viver em casa própria, um apartamento de pouco mais de 40m². O apartamento fica no Condomínio 27 de Abril, no Cabula, bairro de classe média-baixa em Salvador (BA). Este é o primeiro conjunto habitacional feito para abrigar exclusivamente as trabalhadoras domésticas.

O nome faz alusão ao Dia Nacional da Empregada Doméstica, data que homenageia Santa Zita, considerada a padroeira das diaristas. No Brasil, 92% das pessoas ocupadas no trabalho doméstico são mulheres, e 65% delas são negras, de acordo com o IBGE. A maioria possui entre 30 e 59 anos. Não à toa, movimento sindical dos trabalhadores domésticos brasileiros nasceu em Santos (SP), em 1936, por iniciativa de uma mulher negra, Laudelina de Campos Melo, a dona Nina.

As histórias das moradoras do condomínio 27 de Abril estarão presentes no documentário de mesmo nome, a ser lançado em setembro, em sincronia com o aniversário de dez anos do local. O registro da conquista da casa própria se contrasta com a realidade do país, que não vê profissionais de serviços domésticos como sujeitos de direitos. Quem não lembra da mulher que foi resgatada no início do mês por trabalho análogo à escravidão após 72 anos trabalhando como empregada doméstica?

DOCUMENTÁRIO… Outro conteúdo prestes a ser lançado é “Mortos em Abril – Quatro Assassinatos que Abalaram o Funk de SP”, uma produção MOV.doc, UOL. O material relata o caso de quatro MCs assassinados na Baixada Santista de forma misteriosa, entre os anos de 2010 e 2012. Felipe Boladão, Duda do Marapé, Primo e MC Careca eram nomes expoentes do Funk e foram mortos, todos no mês de abril. Os crimes nunca foram solucionados.

NOVOS FILTROS… O serviço de backup do Google Fotos agora conta com um novo conjunto de filtros para retratar de forma mais realista diversos tons de pele, especialmente os de pele negra. Ele está sendo progressivamente implementado para os usuários. Já testou ele por aí?.

A arquiteta e urbanista Tainá de Paula Imagem: Divulgação Segurança pública é um problema crônico do nosso estado, que vem sendo usado como laboratório de práticas pouco eficazes no combate ao tráfico de drogas e tráfico de armas”. Tainá de Paula, Arquiteta e Urbanista e ativista das lutas urbanas Em Ecoa, Tainá de Paula relata que o Rio de Janeiro é uma vala de execuções penais e Anielle Franco traça um paralelo entre a morte de George Floyd e de Genivaldo Santos em “A gente não consegue respirar”.

Em Notícias, Jeferson Tenório analisa o caso Genivaldo em “Homem negro é condenado a morte por não usar capacete” e André Santana pontua que filmar tem sido reação da sociedade diante de Estado que tortura e mata. E em Tilt, Akin Abaz fala sobre os riscos do deepfake. Já em VivaBem, Elânia Francisca orienta sobre as certezas de adolescentes sobre identidades e afetividades LGBT e Alexandre da Silva reflete se vale a pena ser uma pessoa idosa com vaidade.

Elizeu Soares Lopes, ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo Imagem: Fernando Moraes/UOL Não é a polícia que é racista, nosso Brasil é racista. Nós encontramos racismo na polícia, no Poder Judiciário, no Ministério Público, na escola, na saúde, no cinema, nas propagandas”. Elizeu Soares Lopes, ouvidor das polícias de São Paulo Criada em 1995 para encaminhar e acompanhar denúncias de arbitrariedade policial, a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo vive hoje um dilema: é comandada por um advogado negro de 51 anos, saído dos movimentos sociais, que após dois anos de mandato virou alvo do conselho de direitos humanos responsável por entregar ao governador lista com os nomes que podem sucedê-lo. “Não sei se é porque eu sou o primeiro negro [ouvidor] e, infelizmente, as pessoas não estão acostumadas com negros em posição de destaque. Mediar tensões na sociedade não significa ser negligente, contemporizar com ações equivocadas da polícia”, diz.




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