A taxa de desemprego registrada entre maio e julho deste ano, 8,6%, é a maior, segundo o IBGE, desde que a pesquisa começou a ser feita em 2012. Mais de 8,6 milhões de pessoas estão procurando emprego no país. Só nesse trimestre cresceu em quase 600 mil o número de brasileiros a procura de trabalho.

Além do desemprego, aumentou também o número de trabalhadores autônomos, gente que teve que se virar no mercado. Em um ano, mais de 880 mil brasileiros passaram a trabalhar por conta própria em todo o país. São 22 milhões de pessoas sem patrão, sem carteira assinada e décimo-terceiro.

Para o economista José Ronaldo de Souza Júnior, os números refletem o tamanho da crise. “Há uma procura por trabalho. Se a pessoa não consegue o trabalho com o emprego formal, que é o melhor, porque você tem um salário mensal garantido, tem direitos trabalhistas, você procura alguma alternativa. A alternativa pode ser fazer algum bico”, declara o professor de Economia do IBMEC.

Quando o marido de Ana Paula Martins perdeu o emprego, no começo do ano, a situação em casa ficou difícil. “Eu vi que as coisas apertaram, não tinha como pagar conta mesmo, literalmente, conta de luz, gás, condomínio, essas coisas assim”, conta a doceira.

A solução foi ir para a cozinha. “Eu tive que meter a mão na massa e fazer meus bolos, meus doces e ter um lugar, um espaço para poder ganhar dinheiro, porque a situação está muito complicada”, diz.

Já são 30 clientes que fazem as encomendas pela internet. Motivo de orgulho para a cozinheira que aprendeu a fazer quitutes na hora do aperto. “Eu não sabia nem fazer um arroz, eu entrei na cozinha, comecei fazendo, pegando receita, fazendo cursos. E agora eu estou com uma clientela, não é muito, mas está dando”, conta Ana Paula Martins.

Fonte: G1