Motoboy é ameaçado ao se negar a subir para entregar pedido no Rio: ‘Se eu descesse armado, te dava uma coronhada!’, diz cliente


Resumo 

  • No fim da noite de 19 de março, o motoboy Robson José da Silva foi fazer uma entrega de comida em um condomínio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
  • O motoboy afirma que, ao chegar ao longo, pediu para o cliente descer. A dona da conta, contudo, respondeu dizendo que todos os entregadores sempre iam à porta do apartamento.

  • Ainda segundo Robson, minutos depois apareceu um morador identificado como Daniel que o ameaçou: “Aqui, tudo só morre por causa de milícia, meu parceiro”.

  • A defesa de Daniel alega que foi o motoboy quem primeiro disse conhecer pessoas na região, razão pela qual o cliente se sentiu constrangido.

    “Se eu descesse armado, te dava uma coronhada!”, gritou o morador.

     

    Robson José da Silva contou que trabalha como entregador há três anos. Por volta das 23h do último domingo (19), foi atender a um pedido em um condomínio na Estrada do Camorim, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.

    O motoboy disse que avisou que chegou na portaria e mandou uma mensagem para o destinatário pedindo para que descesse e pegasse o lanche com ele pois não poderia subir. A dona da conta respondeu dizendo que todos os entregadores sempre iam até a porta do apartamento dela.

    Robson afirmou que, minutos depois, um homem desceu bastante alterado para falar com ele na portaria e, por isso, começou a filmar.

     

    • Morador: “Tu é brabo daonde, meu parceiro?”
    • Robson: “Eu só não posso subir.”
    • Morador: “Aqui tu só morre por causa de milícia, meu parceiro, se eu descesse armado, te dava uma coronhada, seu filho da p*ta!”

     

    A defesa de Daniel afirmou que o motoboy foi quem começou a insinuar que conhecia pessoas na região e que isso constrangeu o cliente. A defesa disse ainda que foi por isso que Daniel falou que a região era de milícia e, em nenhum momento, quis dizer que seria ligado à milícia.

    Robson disse que, no domingo, estava trabalhando desde as 8h.

    “Cheguei no condomínio para fazer uma entrega no aplicativo. Pedi para o porteiro interfonar para o cliente, que se negou a descer. E, na mesma hora, falou que ia cancelar. Eu falei ok, vou entrar no suporte, vou fazer o cancelamento e devolver para a loja. Na mesma hora, coisa de 5 minutos para entrar no aplicativo, ele desceu, perguntou por que eu não subi. Eu falei que não era obrigado a subir”, disse Robson.

    O entregador contou que foi ameaçado. “E já começou com ameaça dizendo que era miliciano. Ele falou que anotou a minha placa, falou que anotou meu nome, que ia me matar porque era da milícia”, afirmou Robson.

    O entregador decidiu ligar para a polícia, e uma equipe da PM foi ao local. De acordo com Robson, o homem não quis se identificar para os policiais.

    Depois, o entregador procurou a 32ª DP (Taquara) e prestou uma queixa por injúria e ameaça.

     

    Protesto

    Com a repercussão do caso, dezenas de outros entregadores fizeram um protesto na frente do condomínio no fim da tarde de segunda (20). Levando faixas e cartazes, eles pediam mais respeito à categoria.

    “Já era a última entrega, finalizando para ir para casa. Tenho filho me esperando, tenho esposa. Eu me senti muito ameaçado, fiquei com medo. Tanto que sai de lá, não esperei a viatura no local porque ele falou que ia chamar os parceiros dele, os amigos dele. Eu espero justiça e que a justiça seja feita. Vou tomar as providências, já tenho o boletim de ocorrência, vou dar entrada no processo contra ele”, destacou Robson.

    Outro caso

    No mês passado, o entregador Yuri Moraes de Araújo, de 21 anos, foi agredido a tapas por um morador depois de se recusar a subir para entregar um pedido em um apartamento em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade.

    O cliente era o policial penal Alex Ramos Cabral, de 43 anos, que confessou as agressões à polícia.

    Na ocasião, o entregador contou ainda que percebeu que o homem estava exaltado ainda na janela de casa e desceu armado.

    De acordo com a Polícia Civil, o caso foi inicialmente divulgado como vias de fato, mas, caso o exame aponte lesão, o crime será alterado por lesão corporal.

    Plataforma

    Sobre os casos de Robson e Yuri, a plataforma iFood afirmou por meio de nota que a violência é inaceitável e que preza pelo respeito nas relações entre entregadores, clientes e restaurantes.

    A empresa afirmou ainda que a conta de Alex foi identificada e banida da plataforma, conforme previsto nos termos de condições.

    Ainda de acordo com a iFood, descer para buscar o pedido é uma maneira de, no dia a dia, de demonstrar respeito aos entregadores. E que não existe obrigatoriedade e nem nenhuma exigência da plataforma para realizar a entrega diretamente no apartamento do cliente, por entender que existem variáveis como regras do condomínio, condições de segurança ou por não existir condições de estacionamento para as motos na via pública, por exemplo.

     



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