Ministério da Saúde recomenda quarta dose em idosos a partir de 80 anos


BRASÍLIA — O Ministério da Saúde confirmou nesta quarta-feira a recomendação para aplicar a quarta dose de vacina contra a Covid-19 em idosos a partir de 80 anos. Como O GLOBO mostrou, o intervalo mínimo será de quatro meses a partir do reforço, com preferência para a vacina da Pfizer. A nota técnica, antecipada pela reportagem, foi publicada pela pasta e já está em vigor.

 Além da Pfizer, vacinas com a tecnologia conhecida como “vetor viral” poderão ser aplicadas. São os casos da AstraZeneca e da Janssen. A CoronaVac, por sua vez, não figura entre as opções recomendadas por induzir uma menor produção de anticorpos. No documento, a pasta dá aval à aplicação dessa segunda dose de reforço por estados e municípios, a quem caberá definir os calendários de vacinação para idosos.

Como estados e municípios têm autonomia para adotar medidas contra a Covid-19, pelo menos sete unidades federativas já haviam se antecipado e ofertam a segunda dose de reforço não só para idosos, mas incluem profissionais da saúde. O cronograma do Rio, por sua vez, prevê mais uma dose para todos os adultos.

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Diante da antecipação desses locais — Botucatu (SP) foi o primeiro a anunciar a medida no país, numa decisão inédita —, a quarta dose se tornou parte de uma disputa política com o governo. O ministério chegou a publicar nota, em fevereiro, em que não recomendava a segunda dose de reforço para a população geral.

atual cenário epidemiológico, dados apresentados pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-Covid) e estudos internacionais motivaram a decisão da pasta. Técnicos ouvidos pelo GLOBO apontaram tendência de queda na proteção de idosos dessa faixa etária, com “discreto” aumento no risco de internação por Covid-19 para o grupo.

Como O GLOBO revelou, a quantidade de mortes de idosos a partir de 60 anos por Covid-19 disparou mais de seis vezes de dezembro — com 1.946 óbitos, menor nível desde março de 2020 — a fevereiro. Considerado o pico da Ômicron, o mês viu a doença ceifar 12.640 vidas dentro dessa faixa etária. O montante remonta ao patamar de julho do ano passado.

O levantamento publicado no último domingo reuniu números de casos graves e de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) — na qual a Covid-19 se inclui — dentro do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), gerenciado pelo ministério. A partir disso, registros confirmados para a doença provocada pelo coronavírus foram filtrados.

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“Câmara Técnica Assessora em Imunizações (CTAI), apesar de existirem, até o momento, poucos dados em relação à magnitude e duração do benefício de uma quarta dose de reforço com vacinas Covid-19; reconhece que diferentes estratégias de vacinação por parte dos países devem ser utilizadas com base na situação epidemiológica e na disponibilidade de vacinas e que surgimento de novas variantes de preocupação também deve ser considerado, sobretudo para recomendações a grupos mais vulneráveis. Assim recomenda: 1. A aplicação de uma segunda dose de reforço (quarta dose) para todas as pessoas com 80 anos de idade ou mais, com intervalo mínimo de 4 meses a partir do primeiro reforço (terceira dose); 2. A vacina a ser utilizada para a dose de reforço deverá ser, preferencialmente, da plataforma de RNA mensageiro (Comirnaty/Pfizer) ou, de maneira alternativa, vacina de vetor viral (Janssen ou AstraZeneca)”, diz o documento.

A pasta pode enviar lotes extras de vacinas, destinados à quarta dose, caso estados não tenham estoques suficientes. Ao todo, o ministério dispõe de 364 milhões de doses de vacina contra a Covid-19, entre contratadas e já recebidas, para 2022.

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Integrantes da pasta se reuniram na última terça-feira para analisar os últimos dados antes de liberar a quarta dose, antes restrita a imunossuprimidos — pessoas com câncer, HIV/Aids ou transplantadas, por exemplo — a partir de 12 anos. A CTAI-Covid já havia recomendado a aplicação na faixa etária na última sexta-feira.

A nota técnica é assinada pela secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, e pelo diretor de Programa da Secovid, Danilo de Souza Vasconcelos.



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