Guará receberá novos moradores, governo resolve licitar os lotes restantes da cidade


Recentemente, o governo anunciou que vai licitar os lotes restantes das novas quadras do Guará, enquanto para alguns é motivo de expectativa e interesse, para outros é motivo de críticas, pois as consequências de mais um inchaço populacional podem ser desastrosas.

Somente nas quadras 48 a 56 estão previstos 1.700 lotes, ou cerca de 8 a 10 mil novos habitantes. No centro do Guará II, mais 13 projeções (ver reportagem na página 3) e o risco de ser criada uma nova quadra residencial na Área 28 ao lado do ParkShopping, como está propondo o governo em projeto enviado à Câmara Legislativa.

Para os críticos, sem um estudo desse impacto e providências paralelas à ocupação, o trânsito e os serviços públicos da cidade ficarão ainda piores. A cidade já vem sofrendo com a chegada de cerca de 13 mil novos moradores nos condomínios da orla e do centro do Guará II nos últimos quatro anos, sem que houvesse qualquer investimento que amenizasse esse impacto. Como resultado, o trânsito, outrora tranquilo, piora a cada dia, principalmente nas horas de pico, as quedas de energia e as inundações são cada vez mais frequentes na cidade.

Estrutura

A principal preocupação dos moradores é com a infraestrutura da cidade. Com a vinda de mais cerca de 12 a 15 mil novos moradores, problemas com o trânsito, o fornecimento de água, coleta de lixo e segurança podem ficar mais evidentes. A área de 96 hectares da expansão do Guará, na área conhecida como “Cidade do Servidor” ,já conta com infraestrutura quase completa. As ruas estão quase todas asfaltadas, com exceção das quadras 56 e 58, com a rede elétrica, de fornecimento de água, de esgoto e águas pluviais já estruturadas. Faltam apenas as ligações para as casas e bocas de lobo, no caso da captação das águas das chuvas.

O mato e o lixo que tomaram conta da área nesses sete anos em que ficou abandonada pode ter danificado parte da estrutura construída e, portanto, reparos deverão ser feitos antes da acomodação dos novos moradores.  As calçadas serão construídas pelos proprietários de cada lote, seguindo os parâmetros aprovados pelos novos parâmetros na Lei sancionada pelo governador Rodrigo Rollemberg na semana passada.

“O cidadão tem direito à moradia e é dever do Estado prover oportunidades de aquisição da casa própria. É o governo cumprindo seu papel. Mas, com o aumento da população, é preciso ficar atendo ao aumento dos problemas, do consumo de água, de energia, da necessidade de escolas e hospitais. O Guará tem hoje uma boa estrutura e tem sim condições de receber essa população, principalmente porque ainda é uma cidade dormitório e boa parte da população passa o dia fora da cidade. O principal ponto a se considerar é o aumento do tráfego de veículos na cidade” alerta Rubens Mendes, engenheiro e ex-diretor de Obras da Administração do Guará.

Uma das questões mais sensíveis é o trânsito da região. As novas quadras estão localizadas no limite sudeste do Guará, entre as QEs 38 a 36, o Setor de Mansões IAPI e a Estrada Parque Núcleo Bandeirante. Por conta do acesso à Águas Claras, sobre a linha férrea, a pista que liga O Guará à EPNB congestiona durante o horário de pico.

A pista do lado do Guará é dupla, segue do Corpo de Bombeiros até a ponte sobre o córrego Vicente Pires, limite da Região Administrativa 10. A ponte é de duas mãos, passando apenas um carro por vez em cada sentido, e segue assim até o Lar dos Velhinhos, e até  a pista que passa sobre a linha férrea e dá acesso ao Park Way e Águas Claras.

Outra necessidade é ampliar o acesso direto das novas quadras A EPNB, hoje apenas uma via de mão dupla, com acesso rente ao viaduto saindo da EPIA, dá acesso ao local. A ampliação desta via é fundamental para não ocasionar congestionamento nos primeiros anos.

Uma das principais saídas do Guará atualmente é a que passa ao lado do Polo de Moda, em direção ao Núcleo Bandeirante, sobre o córrego Vicente Pires. Desde que foi aberto o acesso à Arniqueira e Águas Claras, diariamente há engarrafamentos na via nos horários de pico, em média de 30 minutos.

O trecho no Guará é duplicado, mas a ponte sobre o córrego e a pista até a linha férrea é de mão dupla com a penas uma faixa de cada lado,  e esse  afunilamento causa transtorno aos motoristas. No dia 20 de janeiro deste ano, a Novacap publicou no Diário Oficial a Licença Ambiental da Obra, emitida pelo Instituto Brasília Ambiental Ibram), citando um viaduto na orla do Guará II, a duplicação da ponte sobre o córrego e um viaduto sobre a linha férrea, além da duplicação do acesso à Águas Claras e Park Way. O Governo do Distrito Federal estima um gasto de R$ 25 milhões com a obra, com a duplicação da ponte e a construção do viaduto.

O trecho entre o córrego Vicente Pires e o Lar dos Velhinhos, com cerca de 1,5 km de pista simples, será duplicado. Apesar de ter a licença ambiental, a Novacap afirmou apenas que “as obras para a duplicação da via entre o Guará e o Núcleo Bandeirante, via o Lar dos Velhinhos e via Arniqueiras em Águas Claras, está na etapa de análise de projetos sem previsão para o início das obras” em resposta ao pedido de informações do Jornal do Guará.

 

O ex-administrador do Guará no final do Governo Agnelo, Wagner Sampaio, morador da QE 42, próximo às novas quadras, teme que o trânsito da região piore se não forem tomadas medidas antes da construção das casas. “As novas quadras é uma realidade e sua construção é irreversível, mas é preciso criar alternativas. Qual é a via de acesso a este novo setor? A via entre a QE 42 e a QE 38? Esta mal comporta o movimento atual. É preciso pensar no escoamento desta população e em como dar conforto aos novos moradores. Não só para quem anda de carro, mas para quem depende do transporte público também. A região é carente de ônibus e o Terminal Rodoviário próximo à QE 46 nunca saiu do papel” , diz ele.

Cooperativas querem mais

 

Os únicos pedidos de alvará de construção pendentes na Administração Regional são de 405 lotes distribuídos a cooperativas habitacionais, cerca de 20% do total. Estas cooperativas e associações já foram comtempladas pela Lei de Política Habitacional do DF, mas ainda querem que toda a área seja destinada a programas habitacionais para a população de baixa renda. “O Plano Diretor Local do Guará estipula que as novas quadras sejam todas distribuídas entre as cooperativas e associações e vamos brigar para que isto seja cumprido. Estamos encaminhando nossas ações para que todos os lotes sejam destinados a famílias de baixa renda” declara Teresa Ferreira Dias, uma das principais defensoras do movimento habitacional do Guará.

As cooperativas já entregaram os pedidos de Alvará de Construção porque durante o processo de cadastro eram estas entidades as responsáveis por realizar o Estudo de Impacto Ambiental e demais estudos para a área. A Construtora Vertical ficou responsável pelos estudos e pelos projetos das casas populares, que serão financiadas pelo programa da Caixa Econômica Federal Minha Casa, Minha Vida. Os cooperados receberão as casas prontas, muradas e com portão, em lotes de 147 a 200 metros quadrados. As casas com acabamento completo terão cerca de 65m2, três quartos, sendo uma suíte e telhado colonial. O preço estimado pelo terreno é de R$ 60 mil e pela casa R$ 104 mil, totalizando R$ 164 mil financiados de acordo com as regras da faixa de renda 2 do Minha Casa, Minha Vida – — com renda mensal entre R$ 1.600,01 a R$ 5 mil.

Licitação

Precisando de dinheiro em caixa, dificilmente a Terracap deixará escapar os lotes para as mãos das cooperativas habitacionais. Na última licitação, em 2011, foram vendidos 180 lotes. Os residenciais, a partir de 147m2, chegaram a custar R$ 300 mil cada um. Porém, o desaquecimento do mercado e a distribuição de lotes para as cooperativas pode causar uma revisão do valor e a Terracap pode colocar os mesmos lotes a venda por valores entre R$ 200mil e R$ 250mil. Ainda assim, a licitação dos lotes restantes, comerciais e residenciais, pode render aos cofres públicos cerca de R$ 300 milhões de reais.  O Governo de Brasília já anuncia o início da licitação para março ou abril deste ano. Estão previstos ainda terrenos para 20 prédios residenciais e 19 para prédios mistos de residência e comércio. Outros seis lotes estão reservados para a construção de escolas, postos de saúde e equipamentos públicos.

 

Fonte: Jornal do Guará




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